risadas


agora este é um poema doloroso demais para
ser lido em voz alta. não conheço suas palavras, nem mesmo
entendo sua dor.
não participo de sua ganância
não participo de suas multidões
não sei o que dizem os partidos políticos mas
a minha lembrança sempre estará ali
esperando
aguardando
a hora de ir embora
de ouvir o sino
de fugir dos estudantes, bestas armadas até os dentes
seus malditos sorrisos que manipulam
a morte
caçoam dela. vivem
por ela
antes de finalmente morrer debaixo de uma árvore de concreto.
as ruas se fechavam. a escuridão se fechava.
mas eu era forte
por viver entre eles
era uma arte conviver entre eles
sua obscuridade não me afetava
seus sorrisos não me afetavam
suas mentiras não eram deles, eram minhas.
não leio poemas em voz alta
quando o dia acabar
as risadas histéricas continuarão a me arranhar
os ouvidos