Suzie Q


ela era toda poesia,
com seus versos
borrados
sendo comidos pelas traças.

ela era Lou Reed cantando
“Heroin”
e rindo da própria
desgraça.

ela era desejo,
era risadas,
era toda unhas e cabelos
negros
e ondulados.

ela era voz.

éramos dois jovens sem saber pra onde ir
ela brincava
de arranhar
meu braço
e deitando a cabeça no meu ombro:
“tô com sono”

ela era a hippie,
ela era Colombina,
ela era voz.

ela se importava com a natureza e os minerais,
os sorrisos e batons
e novamente seus cabelos
onde meus dedos se perdiam
no que pareciam horas.

e agora eu me sento sozinho
sem suas mãos pálidas
ao meu lado.

e o trecho do livro faz tanto sentido
como fazia antes:

“eu era jovem demais para saber amá-la.”